segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Entrevista com o jornalista Fabio Santos

MARCOS BASAN

marcos_basan@hotmail.com

Tive o grande prazer e oportunidade de entrevistar Fabio Santos que é Diretor Editorial do jornal Destak (jornal distribuído gratuitamente na cidade de São Paulo) desde o seu lançamento em julho de 2006 e está atuando na área há mais de 20 anos, essa entrevista ocorreu em outubro de 2006, referente a um trabalho meu da faculdade onde pedia-se que entrevistasse um jornalista em atividade sobre sua vida e seu cotidiano, aqui ele comenta suas experiências, preferências e como tudo começou.

MARCOS BASAN - Em que ano e em qual faculdade você se formou?
FABIO SANTOS - Estudei na ECA-USP e me formei em 1989

MB - Por que você escolheu a profissão de jornalista?
FS - Porque sempre gostei de escrever e porque, em casa, tínhamos um ambiente em que se liam muitos jornais e se debatiam as notícias

MB - Há quanto tempo você exerce essa profissão?
FS - Desde o segundo ano de faculdade (1986): há 20 anos, portanto.

MB - Qual foi seu primeiro emprego na área, foi em jornal, revista, etc?
FS - Foi numa assessoria de imprensa (SV Comunicação); depois fui para o jornal do extinto PCB, a Voz da Unidade; de lá, para o Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco; depois para a Folha de S. Paulo e assim por diante...

MB - Como surgiu a oportunidade de você trabalhar para o jornal Destak?
FS - Conheci alguns dos investidores do jornal por meio de um amigo, ex-correspondente do TheNew York Times em São Paulo; e os investidores conheciam a revista para a qual eu trabalhava, a Primeira Leitura.

MB - Como é mais ou menos o seu cotidiano no Destak?
FS - Não existe uma rotina sempre fixa, pois tudo é muito dinâmico. Mas meu dia começa em casa com a leitura da Folha e do Estado. Não tenho horário para entrar no jornal, mas estou sempre por aqui até o meio-dia. Tenho sempre assuntos burocráticos para tratar, enquanto leio o Agora, o Diário de São Paulo e o Jornal da Tarde (se der leio o Valor Econômico). Às 15h30, tenho reunião com os editores para definir o jornal do dia seguinte. Entre 18h e 19h, defino a primeira página e começo a trabalhar no fechamento, que já está em andamento. Depois de fechadas as páginas pelos editores, elas são impressas e aprovadas por mim antes de serem enviadas para gráfica. Também tenho sempre reuniões fora do jornal, almoços com fontes e assessores de imprensa e passo boa parte do dia respondendo e-mails e falando ao telefone;

MB - Além do Destak, você escreve para algum outro veículo da imprensa?
FS - Hoje, estou sem tempo para contribuir, mas escrevi muito para o caderno cultural do Valor Econômico e diversas revistas

MB - Por quais assuntos você se interessa mais em cobrir, tecnologia, política, etc?
FS - Gosto de quase todos os temas, mas entendo mesmo é de política brasileira e política internacional e um pouco de macroeconomia.

MB - Sobre qual assunto foi a sua primeira matéria?
FS - Acho que foi uma sobre a Fispal, uma feira de alimentos atendida pela assessoria de imprensa na qual eu trabalhava. Mas não estou bem certo.

MB - No seu dia a dia, o jornalista fica ligado 24 hs sempre atento a uma notícia inesperada ou somente na hora do expediente da redação?
FS - Jornalista é jornalista 24 horas por dia, o que não significa que ele fica ligado atrás de notícias. Mas toda a sua experiência de vida deve servir para alimentar sua prática no trabalho. Mesmo o lazer – um filme, uma peça de teatro, uma partida de futebol, bate-papo com os amigos – pode servir para dar idéias de pauta ou iluminar alguma questão relativa ao trabalho. Fundamentalmente, jornalista precisa pensar como jornalista.

MB - Há muita pressão em uma redação de jornal? É tudo realmente muito corrido como a gente costuma ouvir?
FS - Sim, há muita pressão e é tudo corrido, o que não quer dizer que o clima seja ruim ou não haja espaço para um pouco de bom-humor;

MB - Você já passou por uma situação em que as ideologias do jornal não eram as mesmas que a suas, se já, como você agiu?
FS - Jornal não tem ideologia, tem linha editorial. Todo jornalista confronta-se com situações em que a sua opinião pessoal está em conflito com o que ele relata ou com a linha do jornal. É preciso ter transparência quando isso ocorre. Nenhum jornal impõe inteiramente o que o jornalista escreve; nenhum jornalista escreve exatamente o que deseja. Sempre há uma negociação entre o ideal e o possível. O importante é ter clareza dessa negociação e demonstrar transparência aos editores e aos leitores.

MB - Diga uma frase que defina o que é ser jornalista para você.
FS - Ser jornalista é abdicar de qualquer preconceito intelectual para relatar e entender os fatos, sem parti pris político, ideológico ou de gosto.

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